2023 é um dos melhores anos para bens de consumo massivo na América Latina

2023 é um dos melhores anos para bens de consumo massivo na América Latina

Estudo da Kantar aponta que sustentabilidade é elemento importante no crescimento da cesta

O terceiro trimestre de 2023 marca a retomada da prosperidade para bens de consumo massivo na América Latina. Na prática, com o melhor ambiente econômico e a inflação mais baixa, houve uma recuperação do poder de compra, que se refletiu diretamente na quantidade do que as famílias puderam adquirir.

É o que aponta o levantamento Consumer Insights Latam 2023, produzido pela Kantar, líder em dados, insights e consultoria. O estudo acompanha o comportamento do usuário de maneira contínua, trazendo uma visão em 360 graus dos bens de consumo massivo – alimentos, bebidas, artigos de limpeza e itens de higiene e beleza pessoal.

As ferramentas que permitiram ao latino-americano traduzir esse bom momento econômico em um maior consumo de bens massivos continuam as mesmas: a omnicanalidade, termo para o aumento de número de canais de compra visitados, e a fragmentação das compras, agora impulsionadas pelo aumento da frequência.

“Não é porque a economia está melhor que os consumidores desistiram das estratégias que incorporaram durante a situação emergencial. Eles as incorporam nos seus hábitos, mantendo, por exemplo, um número de canais visitados 20% superior ao pré-pandemia”, explica Marcela Botana, Market Development Director Latam, da Kantar.

Outra prova de que o consumidor está incorporando hábitos e fazendo compras mais inteligentes é que os canais com preços mais atrativos, como Discounters e Atacadistas, continuam a ser os que mais aumentam a relevância em termos de ocasiões de compra (alta de 10% no terceiro trimestre de 2023). Isso ocorre porque os formatos mais baratos permitem continuar a expandir o consumo enquanto o poder de compra não se recupera completamente.

Esse bom momento impacta o consumo das categorias de compra, já que as famílias aumentam quanto compram. Por outro lado, nessa fragmentação das compras há mais chances de levar mais marcas, resultando na tendência de menor lealdade. Com isso, ganhar penetração continua a ser um desafio. No terceiro trimestre de 2023, menos da metade das companhias na América Latina (47%) conseguiram fazê-lo.

Ganhar penetração, entretanto, é considerada a melhor maneira de crescer como marca dentro da cesta. Isso porque oito em cada 10 empresas que aumentaram em volume o fizeram a partir desse conceito.

Nesse sentido, conectar com os valores do consumidor é uma oportunidade de crescimento. A principal tendência em alta na América Latina é a preocupação com o meio ambiente. Entre 2019 e 2023, cresceu a quantidade de domicílios Eco-Actives (comprometidos com a sustentabilidade) e Eco-Considerers (preocupados com a questão, mas enfrentam barreiras para agir de maneira mais sustentável). Eles já representam 55% das famílias.

“A expectativa é que os países da América Latina continuem no caminho da recuperação do consumo em 2024. Brasil, México e Peru vêm ano a ano administrando crescimento. Em uma condição não tão confortável no longo prazo, Bolívia, América Central e Equador vêm conseguindo se recuperar dos desafios. Os destaques vão para Chile e Colômbia, que partiram de volumes negativos e já estão muito próximos de uma situação positiva do consumo no último ano em movimento. Argentina segue sendo um caso único, com uma situação econômica que continua complicada”, conclui Marcela.

 

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Doritos muito caro nos EUA faz pipocarem os salgadinhos de marca própria

Supermercados aumentam portfólio para atrair clientes com orçamento mais apertado

por Julie Creswell (THE NEW YORK TIMES) – Os salgadinhos se tornaram bem caros. Por anos, os clientes que paravam nas lojas de conveniência Casey’s General Stores, uma rede da região do Meio-Oeste dos Estados Unidos, não pensavam duas vezes em pegar um refrigerante e um pacote de Doritos ou de batatas Lay’s.

Mas ao longo do último ano, à medida que o preço de um pacote de batatas fritas disparou e parte dos clientes ficou com o orçamento apertado pelo alto custo do combustível e outras despesas, eles começaram a pegar a marca própria mais barata da Casey’s.

Então a Casey’s começou a estocar mais de suas próprias batatas fritas, em uma variedade de novos sabores. Neste verão (inverno no Brasil), a marca Casey’s representou um quarto de todos os pacotes de batatas fritas vendidos, reduzindo as vendas de grandes marcas como Frito-Lay, que pertence à PepsiCo.

“À medida que a inflação continua a aumentar, mais pessoas experimentam alternativas”, disse Darren Rebelez, CEO da Casey’s, que possui 350 produtos de marca própria e planeja incluir mais 45 este ano. “Se você colocar a alternativa bem na prateleira, ao lado da opção cara, as pessoas podem dizer: ‘Por que não?’ e experimentar.”

Grandes empresas de alimentos conquistaram participação de mercado durante a pandemia. Com problemas na cadeia de suprimentos afetando o que iria para as prateleiras, as pessoas estavam comprando basicamente o que conseguiam encontrar.

E elas continuaram comprando mesmo quando os preços dispararam, quando as marcas de alimentos e bebidas elevaram os preços para manter seus níveis de lucro, cobrindo os crescentes custos de ingredientes e mão de obra.

Supermercados aumentam portfólio de marcas próprias
Reprodução/Folha de S. Paulo
Queijos e legumes conquistam consumidor

Mas, agora, com os varejistas expandindo suas ofertas de alimentos e bebidas de marca própria, os consumidores estão mudando lentamente seus gastos. No geral, alimentos e bebidas de marca própria aumentaram para uma participação de 20,6% nas despesas com supermercado, em comparação com 18,7% antes da pandemia, segundo pesquisa feita pela empresa Circana.

Mas uma análise mais aprofundada de algumas categorias revela que os produtos de marca própria estão ganhando terreno significativo em relação às marcas nacionais.

As marcas próprias conquistaram 38% das vendas de legumes enlatados entre abril e junho deste ano, segundo a empresa de pesquisa de mercado Numerator. Os dados também mostram que o queijo de marca própria detinha 45% do mercado, e o café, quase 15%.