Por que o Nordeste deve voltar a crescer acima do resto do Brasil nos próximos anos? Entenda

Boa perspectiva para a economia nordestina se dá porque há uma enxurrada de investimentos públicos e privados previstos para os próximos anos; eles devem somar R$ 750 bilhões

Luiz Guilherme Gerbelli e Renée Pereira – Investimentos bilionários devem turbinar o Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste e fazer a economia local crescer num ritmo mais acelerado do que a média do Brasil no longo prazo. De acordo com um estudo realizado pela consultoria Tendências, a região deve ter uma expansão média de 3,4% ao ano entre 2026 e 2034, acima dos 2,5% que serão observados para o País nesse período.

As previsões positivas para o Nordeste – onde vivem quase 60 milhões de pessoas, que representam quase 30% da população brasileira – estão baseadas numa série de investimentos públicos e privados previstos para os próximos anos.

Ao todo, eles devem somar R$ 750 bilhões. “O Nordeste vai ter um ganho de tração com exploração de gás natural e petróleo, energia eólica, concessão de aeroportos e com uma série de privatizações de companhias de energia elétrica e de saneamento”, afirma Lucas Assis, economista da consultoria Tendências.

No período de 2026 e 2034, o segundo melhor crescimento será colhido pela região Norte (3,1%), seguida por Centro-Oeste (2,9%), Sudeste (2,2%) e Sul (2,1%).

As projeções para o Brasil e, sobretudo, para a região Sul, no entanto, passaram a ter um viés de baixa por causa das enchentes no Rio Grande do Sul.

Posição de destaque

Se os números se confirmarem, o Nordeste vai voltar a ocupar uma posição de destaque no cenário econômico local. No início dos anos 2000, a região apresentou expressivo crescimento – e na maior parte do tempo, chegou a superar o desempenho brasileiro.

“No começo dos anos 2000, a região Nordeste – e o Brasil como um todo – foi beneficiada por uma combinação de fatores muito particular naquele período”, diz Assis. “Houve o boom das commodities (no cenário internacional), o Brasil passou por uma série de políticas públicas de erradicação da pobreza, que beneficiou muito a região Nordeste em termos do consumo da família.”

Mas desde a crise do biênio 2015 e 2016, a região tem apresentado taxas de crescimento mais modestas, acompanhando o desempenho do País ou até ficando abaixo. A região é bastante influenciada pelos setores sensíveis ao ciclo econômico, como é o caso do setor de serviços. Em 2020, por exemplo, no ano de auge da pandemia, o PIB brasileiro recuou 3,3%, e o nordestino apresentou queda de 4,1%.

Novo ciclo de crescimento

Agora, o crescimento da região deve ser liderado pelo setor industrial. Segundo a Tendências, de 2026 a 2034, a previsão é que a indústria apresente um crescimento anual de 4,3%.

Dos investimentos bilionários, a maior parte será público, impulsionado pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais apostas do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na economia. Ao todo, o plano destinou R$ 700 bilhões para a região.

“Os investimentos públicos em infraestrutura serão um importante impulsionador do Nordeste”, afirma Assis. “Isso tudo gera um efeito em cadeia para a economia no longo prazo.”

No ano passado, ao anunciar a volta do PAC, o governo previu um investimento de cerca de R$ 1,7 trilhão em todo o País. “No caso da União, precisa ter a capacidade de fazer boas parcerias público privadas, porque os recursos públicos não são suficientes para bancar os projetos, e aumentar a capacidade de execução do PAC, que no passado foi muito baixa”, afirma Jorge Jatobá, economista da consultoria Ceplan.

Energia renovável

Da iniciativa privada, os principais investimentos virão do setor de energias renováveis. Só do setor eólico há R$ 21 bilhões de parques em construção, com capacidade para gerar 3 mil megawatts (MW). Há ainda cerca de R$ 130 bilhões de projetos outorgados (18 mil MW), mas ainda não iniciados na região, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

“A cada R$ 1 que se investe em energia você devolve para o PIB R$ 2,9. Há um efeito de cadeia produtiva para todo o País. Olhando para o Nordeste o efeito é ainda mais amplo, pois nos últimos anos o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios) cresceu 20% com a chegada dos parques eólicos”, diz a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoun.

Um dos grandes projetos da região é o Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, da Engie. Localizado nos municípios de Lajes (9,8 mil pessoas) e Pedro Avelino (6 mil pessoas), o empreendimento é formado por 14 parques eólicos e 70 aerogeradores. O projeto, de R$ 2,3 bilhões, terá capacidade instalada de 434 MW e já tem alguns aerogeradores em operação comercial desde o ano passado.

A empresa tem outro megraprojeto em construção no Nordeste. Com R$ 6 bilhões de investimentos, o Conjunto Eólico Serra do Assuruá, na Bahia, poderá gerar 846 MW. O empreendimento terá 188 aerogeradores e está com 44% de obras concluídas.

“O Nordeste do Brasil é um paraíso para desenvolver projetos de energia renovável, o fator de capacidade das eólicas é fantástico, representando uma excelente oportunidade de desenvolvimento para a região”, diz o CEO da Engie no Brasil, Maurício Bähr.

Segundo ele, com a abundância de energia na região pode-se atrair investimentos de empresas industriais que desejem produzir seus produtos com baixas emissões, um selo verde, garantindo sustentabilidade e atração de consumidores concientes com o bem-estar do planeta.

Os projetos de energia solar também têm ajudado a turbinar os investimentos na região. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), no total são mais de R$ 60 bilhões em geração distribuída (aquela no telhado das casas) e geração centralizada (de grandes parques solares). Bahia, Piauí e Ceará são os Estados com maior volume de investimentos, com quase dois terços do volume total da região.

Outro setores

Um setor que tem ganhado relevância no Nordeste é o de saneamento. Diante da carência dos serviços, como água e esgoto, Estados e municípios da região decidiram apostar na iniciativa privada para melhorar e aumentar o atendimento da população.

Os investimentos contratados até 2026 devem somar quase R$ 66 bilhões para um prazo médio de 30 anos, em 842 municípios, de acordo com um monitoramento realizado pela Abcon Sindcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto) com base nos dados da Radar PPP e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A maior parte desses recursos a serem investidos, no entanto, deve se concentrar nos primeiros 10 e 15 anos por causa da necessidade de se cumprir o marco do saneamento, que prevê que 99% da população terá água tratada e 90% do esgoto precisará ser coletado até 2033.

Confira a reportagem completa no Terra.

Fotomontagem com imagens de Pixabay por Adrielly Kilryann/Jornal da USP

 

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Incentivos da Sudene atraem R$ 2,4 bilhões em investimentos para o Nordeste

Incentivos da Sudene atraem R$ 2,4 bilhões em investimentos para o Nordeste

As empresas beneficiadas asseguraram 33,2 mil empregos diretos e indiretos, sendo 1,5 mil novos postos de trabalho

Recife (PE) – A Sudene aprovou 65 pleitos de incentivos fiscais que representam R$ 2,4 bilhões em investimentos em sua área de atuação. As empresas beneficiadas asseguraram 33,2 mil empregos diretos e indiretos, sendo 1,5 mil novos postos de trabalho. Eles foram distribuídos pelos estados da Bahia (22), Rio Grande do Norte (14), Maranhão, Minas Gerais e Paraíba (sete cada), Sergipe (três), Alagoas (dois) e Piauí, Pernambuco e Espírito Santo (um para cada).

“Os incentivos fiscais são fundamentais para a atração de investimentos para nossa região, especialmente pelas desigualdades intrarregionais ainda existentes no país. A aprovação desses pleitos é parte da estratégia da Sudene, através de seus instrumentos de ação, de promover o desenvolvimento includente e sustentável, estimulando o aumento da competitividade do Nordeste e norte de Minas Gerais e Espírito Santo”, afirma o superintendente Danilo Cabral. Ele destaca que o fortalecimento dos setores produtivos na região é uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

Os empreendimentos são das áreas petroquímica, plásticos, calçados, metalurgia, informática, têxtil, químicos, alimentação, máquinas e equipamentos, além da agroindústria. Em relação à modalidade do benefício, 61 pleitos foram da redução de 75% IRPJ, recursos que podem ser usados para projetos de implantação, modernização, ampliação ou diversificação de empreendimentos. E quatro de reinvestimento de 30% do imposto devido em projetos de modernização ou complementação de equipamentos. Do total de empresas, 37 informaram a realização de programas socioambientais mantidos nas comunidades em que elas atuam e 28 informaram não desenvolvê-los.

De acordo com o diretor de Gestão de Fundos e Incentivos Fiscais, Heitor Freire, neste ano, a Sudene aprovou 388 pleitos de benefícios fiscais. “Essas empresas reportaram um total de R$ 20,7 bilhões em investimentos nos 11 estados da nossa área de abrangência, garantindo 214,4 mil empregos diretos e indiretos.

São números superiores aos registrados em 2022”, disse. Os principais setores beneficiados foram infraestrutura (R$ 10,9 bilhões), petroquímico (R$ 3,5 bilhões), alimentos e bebidas (R$ 925 milhões) e metalurgia (R$ 847 milhões).

Para este ano, segundo a coordenação-geral de Incentivos e Benefícios Fiscais e Financeiros, ainda existe uma carteira de pleitos em análise na Sudene, somando 348 pleitos.“Essa demanda significa mais de R$ 18 bilhões em investimentos realizados pelas empresas na região”, comentou o coordenador da área, Silvio Carlos do Amaral e Silva. Ele frisa que a Autarquia tem o compromisso de analisar, no ano corrente, os pleitos apresentados pelas empresas até o dia 31 de outubro. (Por Andrea Pinheiro)

PRIVATE LABEL BRAZIL | edição Norte-Nordeste

É neste cenário promissor de investimentos no Nordeste que ocorre a Private Label Brazil – Edição Norte-Nordeste, realizada em Fortaleza (CE), de 6 a 7 de agosto de 2024. 

A ideia é estimular o desenvolvimento de Marcas Próprias e Terceirização nas Regiões Norte e Nordeste, onde a economia local tem grande potencial de crescimento e desenvolvimento nos próximos anos, propiciando também  a elevação do consumo das famílias e a expansão industrial.

Assim como na Edição Nacional, a Edição Norte-Nordeste da Private Label reúne fornecedores de produtos e serviços que atendem às demandas de redes varejistas, atacadistas, distribuidores, importadores e também de indústrias que buscam parceiros de qualidade para terceirizar as suas produções.

A feira oferece às empresas de diferentes segmentos um espaço para conhecer potenciais parceiros, discutir tendências e oportunidade de expandir serviços, estimulando investimentos para o desenvolvimento do segmento

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