Relatório global da Warc aponta comportamentos que devem orientar anunciantes, com destaque para confiança em criadores e IA
A Warc divulgou seu relatório anual ‘Global Consumer Trends 2025’, que analisa os principais fatores que devem impactar as decisões de compra dos consumidores nos próximos meses. O estudo combina dados da plataforma GWI em 54 mercadors com pesquisas próprias, análises e estudos de caso.
O documento destaca um consumidor mais consciente, que busca equilíbrio entre propósito, funcionalidade e custo. Em meio a um cenário econômico volátil, com incertezas sobre tarifas comerciais e aumento do custo de vida, o consumo passa a ser guiado por intenções mais claras e seletivas.
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Veja os cinco eixos identificados pelo relatório como essenciais para marcas e anunciantes:
1. Desigualdade no poder de compra redefine estratégias
O impacto da inflação e das tarifas afeta de forma desigual os consumidores. Nos EUA, os 10% mais ricos concentram quase metade dos gastos com consumo, enquanto as camadas mais baixas enfrentam cortes e priorizam produtos essenciais.
Segundo a GWI, 55% dos consumidores de baixa renda preferem marcas próprias mais baratas a produtos de marcas conhecidas. Entre os de alta renda, essa taxa cai para 40%. A tendência pressiona empresas a reavaliar seus públicos-alvo, modelos de precificação e diferenciação de valor.
Faris Yakob, cofundador da Genius Steals, observa que “muitas empresas estão reorganizando suas estratégias para atender os 20% do topo, oferecendo luxo e exclusividade, enquanto os demais recebem alternativas de valor.”
2. Criadores ganham credibilidade como fonte de influência
O estudo mostra que 47% dos usuários de redes sociais realizaram compras nos últimos 12 meses com base em recomendações de influenciadores. O consumo de informações em plataformas sociais já supera os canais tradicionais, como TV nacional e portais de notícias.
Essa transição amplia a influência de vozes individuais e descentralizadas. Entre os jovens da geração z, 71% afirmam ter consumido notícias via redes sociais no último mês.
“Consumidores estão deixando de apenas descobrir marcas para se envolver em experiências de compra completas via vídeo e criadores”, comenta Sapna Chadha, VP do Google para Sudeste Asiático e Sul da Ásia.
Marcas podem se beneficiar de colaborações com criadores e experts internos, reforçando alinhamento de valores e monitorando riscos reputacionais.
3. Agentes de IA passam a intermediar compras
Com o avanço dos agentes de inteligência artificial, que são diferentes dos chatbots, cresce o número de consumidores dispostos a delegar tarefas automatizadas. De acordo com dados da Salesforce, 24% afirmam estar confortáveis em permitir que um agente de IA realize compras em seu nome. O índice chega a quase um terço entre a Geração Z.
Ferramentas como o Operator da OpenAI e o Project Mariner do Google sinalizam um novo estágio na jornada do consumidor. “Em breve, o usuário nem precisará acessar uma plataforma. A IA fará o trabalho e entregará o resultado”, afirma Debra Aho Williamson, da consultoria Sonata Insights.
Ainda assim, a pesquisa reforça que o fator humano segue relevante. Elementos como empatia e conexão emocional são diferenciais atribuídos às interações humanas em comparação com a IA.
4. Saúde preventiva se torna prioridade
A busca por bem-estar segue em expansão. 77% dos consumidores expressam preocupação com os riscos à saúde associados a alimentos ultraprocessados. O interesse por vitaminas e suplementos também aumentou: 31% adquiriram esses produtos no último mês, um salto de sete pontos percentuais em relação a 2022.
Além da nutrição, itens ligados ao conforto e autocuidado ganham relevância. Marcas de fora do setor de saúde têm explorado versões ‘melhor para você’ de seus produtos ou reposicionamentos que promovem consumo consciente.
5. Novos códigos de socialização movimentam o mercado
O relatório aponta uma reconfiguração das formas de conexão social, especialmente entre os mais jovens. Cerca de metade dos millennials e da geração z jogam jogos de tabuleiro pelo menos uma vez por mês. Atividades como acampamento, trilhas e eventos esportivos também estão em alta.
Os dados da GWI indicam que 53% dos consumidores participaram de festivais no último ano, mostrando apetite por experiências coletivas e presenciais.
“O modo de se conectar mudou. As pessoas agora se reúnem em torno de interesses compartilhados. Isso cria oportunidades para as marcas ocuparem um espaço intermediário de afinidade”, analisa Colleen Ryan, da consultoria TRA.
Experiências imersivas, ativações presenciais e ações de comunidade aparecem como caminhos estratégicos para reforçar vínculos e visibilidade de marca.
Perspectivas para o mercado
Stephanie Siew, executiva da WARC, acredita que “os consumidores estão assumindo o controle de suas escolhas em um cenário marcado pela incerteza econômica, redesenhando como consomem, se relacionam e cuidam da saúde.”
Para marcas e anunciantes, o desafio passa por entender essas transformações e construir relevância a partir de decisões mais conscientes de consumo, que vão além do preço e do produto.
Fonte: Propmark