Marcas registradas: restaurantes investem em rótulos próprios, para clientes levarem para casa

Marcas registradas: restaurantes investem em rótulos próprios, para clientes levarem para casa

Oferta vai do café à cachaça, passando por vinhos, vermutes e gim

Muito mais do que uma refeição, uma experiência exclusiva. É exatamente isso que os restaurantes querem oferecer ao lançarem seus próprios rótulos, que traduzem a identidade, a história e a filosofia de cada estabelecimento. O convite é tentador: levar para casa o sabor que faz sucesso à mesa, prolongando o prazer da gastronomia além do restaurante. Para os empreendedores, é uma oportunidade de transformar cada visita em um momento único, investindo numa estratégia que combina criatividade, identidade e sabor.

Em Laranjeiras, o Esperança.Eco é um exemplo de como esse movimento pode se alinhar com propósito. Conhecido por sua cozinha vegetariana e vegana, o restaurante expandiu sua atuação para vinhos e cafés próprios. A chef Verônica Moreira define a iniciativa como uma “evolução natural”, nascida do desejo de oferecer experiências ainda mais autênticas e conectadas à filosofia da casa.

— Não buscamos apenas oferecer produtos, mas entregar identidade, história e conexão — resume a chef.

A linha de vinhos exclusiva do Esperança.Eco foi desenvolvida em parceria com a vinícola Bellaquinta, de São Roque (SP). A coleção inclui branco moscato, rosé (moscato e merlot) e tinto cabernet sauvignon, cada um ao preço de R$ 105, com rótulos que estampam um pequeno pássaro sobre um galho, símbolo da trajetória da casa. Para acompanhar, o Café Ao Leu, com lojas em Copabana e no Leblon, forneceu grãos cultivados em altitude, com notas naturalmente doces de chocolate e doce de leite, resultando em um blend exclusivo vendido no Esperança.Eco a R$ 52 (250g).

Outro clássico que se reinventa é o Boteco Sabu, que comemora 60 anos em novembro em Ipanema. Sob o comando de Denise Machado e Deco Pascoal, o bar lançou recentemente dois vinhos exclusivos desenvolvidos com a Vinícola Família Ulian, de Flores da Cunha (RS): cabernet sauvignon e branco giallo, premiados com medalhas de ouro e prata no Wines of Brazil Awards.

— Somos, naturalmente, inovadores, inquietos, ousados! Queríamos surpreender nossos clientes com um vinho da casa que transmitisse nosso DNA — comemora Denise.

Já o sommelier Victor Recoliano destaca que os rótulos foram escolhidos para serem “gostosos de beber, descomplicados, mas não bobos”, refletindo a essência do casal e da casa.

O Grupo Fasano e o Nino Cucina também reforçam a tendência de rótulos próprios. O Fasano oferece vinhos selecionados, como Chianti Fasano D.O.C.G (R$ 335), Barolo Fasano D.O.C.G (R$ 962) e Brunello Di Montalcino Fasano D.O.C.G (R$ 1.020), desenvolvidos com parceiros na Itália. Já a linha Famiglia Nino traz vinhos, azeites e limoncello inspirados na tradição italiana.

Estratégia para fracionar produtos

Na mesma linha de criatividade, a Broto, pizzaria de estilo nova-iorquino, lançou o Broto Lo-Fi, produzido pela vinícola Vinha Solo, de Caxias do Sul. É um vinho natural merlot que traz intensidade de frutas vermelhas e delicado toque terroso, pensado para um público jovem e curioso. O rótulo ainda traz um QR Code com playlist exclusiva para harmonização musical.

— Sempre sonhamos em ter nosso próprio rótulo de vinho. O Broto Lo-Fi foi elaborado para quem aprecia o ritmo desacelerado e os momentos simples da vida — explica Irlan Guimarães, sócio da Broto.

A Jotabê, pizzaria do Jardim Botânico, é outra que tem dois vinhos próprios: Jotabê Red Wine e Jotabê Tempranillo, representando regiões portuguesas e espanholas.

No universo da coquetelaria, o Liz Cocktail & Co. inova com bebidas engarrafadas para levar a experiência do bar para casa. Entre os destaques está o House Milk Punch (R$ 148, com 375ml), feito com runs, mate, limão, especiarias escuras e bitters de absinto, clarificado com leite para uma textura cristalina. Também há versões clássicas como Royal Nail, Oaxaca Old Fashioned e Negroni.

— Os engarrafados do Liz são uma forma de o cliente viver a experiência do bar além do tempo em que está lá fisicamente — explica Tai Barbin, mixologista e empresário à frente do projeto.

O Gula Gula entrou no universo da cerveja com três rótulos artesanais que refletem a essência da cidade: Gula Red Ale, Gula Pilsen e Gula Session IPA. A La Carioca Cevicheria, por sua vez, apresenta cinco cervejas artesanais (pilsen, summer, red, black e IPA), harmonizando com praia, gastronomia e estilo de vida carioca.

Os cafés também ganham atenção especial. O Artigrano, em parceria com o Café Ao Leu, desenvolveu um blend 100% arábica da Serra do Caparaó, com notas de chocolate, castanha e doce de leite, servido coado por R$ 22 ou vendido em pacote de 250g por R$ 55. Já o Empório Farinha Pura oferece o Café Grano Imperial, que pode ser apreciado expresso, coado ou levado para casa (R$ 38,59 a 250g). A casa ainda complementa a experiência com geleias artesanais e saladas prontas para consumo.

Os hotéis não ficam de fora da tendência. O Santa Teresa MGallery tem um café criado em parceria com a Tassinari Cafés, produzido em São José do Vale do Rio Preto (RJ). Já o Fairmont tem a cachaça Magnífica Single Cask Fairmont, desenvolvida com a cachaça Magnífica de Faria. A bebida é fruto de uma safra de 2013 produzida artesanalmente na Fazenda do Anil, em Vassouras (RJ).

Em Copacabana, no Teva Deli, é possível comprar ingredientes utilizados nas receitas do chef Daniel Biron, como granola, shoyu, café e castanha de baru.

— A iniciativa surgiu da necessidade de fracionar produtos comprados em grandes quantidades, liberando o estoque sem desperdício e oferecendo itens de alta qualidade que dificilmente se encontram em mercados convencionais. A ação também funciona como teste para futuros produtos exclusivos, que podem ser produzidos e comercializados diretamente para consumidores ou pontos de venda, ampliando o alcance da marca sem comprometer a identidade do restaurante — diz Biron.

Bares e restaurantes mais informais também entram na onda. O Grupo Irajá, com os bares Rainha e Princesa, apresenta o vinho Casa Irajá, tinto blend (R$ 152,50) e branco chardonnay (R$ 160), ambos em parceria com a vinícola Don Abel. O Bar Tero, em Botafogo, aposta em vermutes próprios (branco, tinto, laranja e rosé, a R$ 16, com 120ml). No Imortais, em Copacabana, a garrafa da famosa batida de paçoca da casa custa R$ 80 (750ml).

Na última quarta-feira, uma turma de donos de bares — entre eles Mariana Rezende (Bar da Frente) e Pedro Aliperti (Culto) — visitou o alambique da Arbórea, em Pirapetinga (MG), para negociar a criação de um blend exclusivo com rótulo especial que será vendido nos seguintes estabelecimentos: Bar da Frente (Copacabana), Quitanda (Catete), Baixela (Copacabana), Culto (Botafogo) e Conserva (Copacabana).

— Cada produto que leva nossa marca é uma escolha pessoal, fruto do meu gosto, da minha experiência e da busca constante por qualidade e autenticidade — garante o restaurateur.

O Gurumê, restaurante japonês contemporâneo, desenvolveu o Gurumê (chardonnay e merlot). Ambos foram produzidos com as vinícolas Don Abel e Adolfo Lona. A casa oferece ainda o gim Gurumê, em parceria com a APTK Spirits, combinando extratos de limão yuzu, kinkan e lichia. Os vinhos harmonizam com frutos do mar e pratos leves, enquanto o gim imprime frescor à coquetelaria da casa.

— Todo o processo é cercado de cuidados, desde a fabricação até a distribuição. Diferentemente do que acontece em algumas grandes marcas, os rótulos artesanais não passam por manipulações que comprometem a qualidade. A nossa segurança está não apenas na produção, mas também na distribuição, que é feita de forma individual por nós mesmos. Nós produzimos, engarrafamos e distribuímos — destaca Alexandre Ktenas, sócio e CEO do Oby.

Já o Jurubeba aposta em cachaça (R$ 90) e vermute (R$ 140) próprios, desenvolvidos com parceiros como a Cachaça da Tulha e a Companhia dos Fermentados.

— A ideia de criar nossos próprios rótulos nasceu quase como um luxo, um mimo mesmo, algo que a gente quis fazer por prazer — diz Elia Schramm, chef da casa em Botafogo.

Confira a reportagem completa no jornal O Globo.

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