Resultados do 2T24 foram considerados sólidos, impulsionados pelo forte desempenho da receita no atacarejo e expansão de margem
O Grupo Carrefour Brasil (CRFB3), dono do Atacadão, registrou na última segunda-feira (22) um aumento na base anual de 412,5% no lucro líquido ajustado no segundo trimestre de 2024, alcançando R$ 151 milhões. As ações, contudo, registravam baixa de 1,78% (R$ 10,51), às 10h10 (horário de Brasília), com investidores também embolsando lucros após forte alta de 4,39% na véspera, sessão antes do balanço.
A equipe de research do Bradesco BBI avalia os resultados como marginalmente positivos, com o principal destaque sendo a aceleração das vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) do Atacadão impulsionada por uma soma de fatores.
Segundo o BBI, as vendas foram sustentadas pela atividade promocional agressiva em abril e junho, inflação de alimentos atingindo o pico de 4,9% em junho, clientes B2B normalizando compras, bem como pelo lançamento de serviços atingindo 80 lojas em junho e a política agressiva de parcelamento em 3 meses em todas as lojas cash e carry (C&C) no Brasil.
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No entanto, o BBI disse precisar de mais detalhes para que possa de fato ver um ponto de inflexão em termos de qualidade dos lucros no futuro.
Ainda na visão do BBI, o anúncio de 8 a 10 inaugurações adicionais do Atacadão em 2024 é outra indicação positiva, sugerindo que a administração está confortável com o atual cenário competitivo, bem como com suas políticas comerciais agressivas em sua marca principal, o Atacadão.
Analistas do BBI mantêm visão otimista sobre as ações, pois vê uma avaliação atraente de 11,3 vezes Preço/Lucro em 2025, considerando o forte Taxa de crescimento anual composta (CAGR) de lucro por ação de 59,0% entre 2024 e 2027. Dessa forma, o BBI mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 17.
O Itaú BBA, por sua vez, comenta que o Carrefour relatou resultados positivos no 2T24, com uma receita líquida ligeiramente melhor do que o esperado (crescimento sólido de 7% do SSS na divisão C&C) e margens virtualmente em linha (a divisão de Varejo foi o ponto baixo, 20 bps abaixo da sua previsão).
Do lado negativo, o BBA aponta o crescimento de R$ 2 bilhões da dívida líquida (incl. recebíveis descontados) na comparação com o trimestre anterior, “refletindo a deterioração nas tendências de capital de giro causada pelo aumento nas vendas a prazo nas lojas Atacadão – um ponto-chave a ser monitorado à frente”.
O BBA mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 15,50.
Na mesma linha que BBA e BBI, a XP Investimentos classifica os resultados como sólidos, com forte desempenho de receita no atacarejo e sólida expansão da margem Ebitda (receita sobre Ebitda) ajustada. Além disso, a companhia elevou o guidance de sinergias do BIG para R$ 3 bilhões até 2025, sustentado por eficiências de custo melhores que o esperado.
Em termos de rentabilidade, a XP comenta que a margem bruta consolidada diminuiu 0,9 p.p em relação ao ano anterior, uma vez que a recuperação do B2B e as iniciativas promocionais no atacarejo (-0,3 p.p), juntamente com a maior competitividade no varejo (-1,9 p.p), mais do que compensaram a maior penetração de marcas próprias e SKUs (unidade de manutenção de estoque) importados no Sam’s (+1,8 p.p).
No entanto, a alavancagem operacional, as sinergias de custos e a maturação das lojas levaram a uma expansão da margem EBITDA ajustada de 0,6 p.p em relação ao ano anterior.
Já o lucro líquido foi de R$ 391 milhões, acima dos R$ 191 milhões previstos pela XP, impactado positivamente por uma reversão de provisão não recorrente de R$ 180 milhões e um ganho de R$43 milhões com a venda de ativos, enquanto a geração de caixa livre atingiu R$ 3,2 bilhões, apoiada por uma melhor dinâmica de capital de giro, principalmente pela nova política de pagamento de fornecedores.
Após trimestres de fracos SSS e rentabilidade abaixo da média histórica, a Genial Investimentos acredita esse trimestre deve direcionar os holofotes do varejo alimentar para o Carrefour, coroando a “volta dos que não foram” e abrindo espaço para um 2º semestre ainda mais forte no segmento alimentar.
A Genial avalia que o único ponto de atenção do resultado veio em relação ao aumento de alavancagem financeira – que passou de 3,5 vezes em 2T23 para 3,7 vezes neste trimestre. “Apesar do aumento de lucro operacional no período, o montante de dívida bruta aumentou ainda mais, fruto das captações nos últimos meses.”
A casa de análise não acredita que, neste primeiro momento, “isto deva soar os alarmes do mercado, dado que a sazonalidade positiva para vendas no 2º semestre junto a maturação de lojas convertidas deve trazer um efeito positivo para o lucro operacional da companhia − aliviando esse pequeno desconforto momentâneo”.
Negociando a um Preço/Lucro de 12,0 vezes, a Genial reitera recomendação de compra para o Carrefour, com preço-alvo de 13,50 – potencial de valorização de 26% em relação ao fechamento do último pregão.
Conforme o JPMorgan, o Carrefour Brasil reportou bons resultados no 2º trimestre de 2024, com resultados operacionais superando as expectativas do banco e as do mercado, impulsionados por melhores tendências em sua principal divisão de atacarejo.
De forma geral, dado o lucro ainda deprimido, o JPMorgan acredita que o mercado deve focar nas tendências de crescimento na receita principal e maior alavancagem operacional, e na revisão para cima da sinergia, de R$ 1 bilhão para R$ 3 bilhões no nível do Ebitda até o final de 2025, enquanto a empresa aumentou seu plano de conversão de atacarejo. Assim, as ações devem reagir positivamente, especialmente considerando que é uma das ações de varejo mais vendidas na América Latina. Com um P/L de 13 vezes para 2025, o banco americano reitera classificação neutra e preço-alvo de R$ 13.
Fonte: InfoMoney