Empresa passou seis anos com produção exclusiva para Mobly até lançar a primeira marca própria em 2023. No ano seguinte, faturou R$ 75 milhões
“Quem tem apenas um cliente não tem nada”. Com esta máxima em mente, Hugo Evandro Batista, fundador e CEO da Mundo Móveis, redesenhou o modelo de negócios da empresa. Fundada em 2016 com o objetivo de produzir apenas no modelo de etiqueta branca, a Mundo Móveis lançou duas marcas próprias nos últimos dois anos. Como resultado, o faturamento do negócio cresceu 46% no ano passado, atingindo R$ 75 milhões, e deve aumentar mais 60% este ano, com as marcas próprias representando a maior parte da receita.
Batizada de Cialar, a primeira marca original da Mundo Móveis foi lançada em 2023. “O objetivo era descentralizar nossa operação. Não fizemos nenhum investimento expressivo, criamos apenas um produto em quatro cores e levamos para um grande marketplace. A demanda surpreendeu e, no segundo ano da marca [2024], quase 30% do nosso faturamento veio da Cialar”, afirma Batista.
A marca, que visa produzir itens modernos, com rápida entrega e preços acessíveis, com foco em estofados, conta atualmente com 10 modelos de sofá e deve fechar o ano com 12 opções no catálogo. Os preços variam de R$ 1,17 mil a R$ 3,59 mil. O pico de vendas de um modelo foi em 2024, com 2,1 mil unidades comercializadas de um único produto.
Atualmente, a comercialização da Cialar está centralizada no site do Magazine Luiza. Neste ano, a quer expandir para outros marketplaces. “Nosso segundo investimento deve ser para entrar na Shopee”, aponta o executivo.
Já a segunda marca do grupo, a Bux In&Out, foi criada no ano passado para suprir uma demanda que Batista notou por produtos com design diferenciado e qualidade para área externa. Assinadas pelo próprio empreendedor, as peças da marca visam um tíquete médio mais alto, com foco na classe A. Entre os diferenciais, tem itens feitos com tecidos que usam tecnologias pensadas para oferecer resistência a diferentes climas. A companhia investiu mais de R$ 1 milhão para a criação da etiqueta.
A marca fechou seu primeiro ano com o triplo de pontos de venda estimados pelo grupo, com presença em 96 lojas no Brasil. Hoje, está presente em 150, e deve fechar 2025 em pelo menos 250 PDVs. Com cerca de 78% das lojas concentradas na região Sudeste, a expectativa é que novos pontos abranjam sobretudo o Nordeste e o mercado internacional.
Atualmente, as vendas no mercado externo representam cerca de 3,7% do total, com 98% delas centradas nos Estados Unidos. Para este ano, o objetivo é entrar na Arábia Saudita. A empresa quer manter o varejo físico como único canal de vendas Bux In&Out.
“Nos últimos anos, o private label representou nossa principal fonte de receitas. Mas, ainda em 2024, quando aceleramos os incentivos para nossas marcas próprias, o cenário começou a mudar. Hoje, elas já representam 43% do faturamento da companhia e devem chegar a 73% até o final do ano”, aponta Batista.
Criada para atender uma demanda da Mobly, loja de móveis atualmente controlada pela alemã Home 24, a Mundo Móveis passou seis anos na parceria exclusiva. Segundo Batista, os fundadores da varejista moveleira buscavam mais agilidade para atingir produção de baixo custo e alta escala. Para isso, o empreendedor, que já tinha experiência no setor, montou uma operação na qual passou a produzir 1,1 mil sofás por dia. Os itens ainda representam cerca de 89% da produção.
“Investi cerca de R$ 17,5 mil, um dinheiro que seria destinado para trocar de carro, comecei alongando prazos de pagamento e assim fomos crescendo ano a ano, sempre bootstrapping”, diz Batista. Atualmente, a empresa conta com um espaço de 46 mil m² dividido em três parques fabris.
De acordo com o CEO, apesar de a companhia ter registrado um crescimento de cerca de 13% na operação private label no primeiro trimestre deste ano, a expectativa é que o crescimento de 60% previsto para o faturamento da empresa em 2025 esteja concentrado na expansão das marcas próprias. A empresa deve fechar o ano com um faturamento de cerca de R$ 120 milhões, sendo 34% vindos da Mobly (contra 57,67% em 2024), 46,8% da Cialar (contra 28,55%) e 14,6% da Bux (13,44%).
Fonte: Revista PEGN